10 de junho de 2014

O Jardim Colonial Brasileiro


O típico jardim colonial brasileiro era um misto de quintal, horta, pomar e jardim de flores. Na imagem abaixo, da naturalista e desenhista botânica inglesa Marianne North (1830-1890), temos bananeiras, laranjeiras, palmeira e bico-de-papagaio num jardim em Morro Velho - MG. Ela esteve no Brasil entre 1872 e 1873 e deixou-nos ricas imagens e interessantes relatos sobre esta estadia.

Sobre o Jardim Colonial Brasileiro e para saber um pouco mais sobre Marianne North, leia o artigo na Revista Espaço Acadêmico. Abaixo, o texto inicial do artigo. 

Numa das galerias instaladas dentro do grandioso Royal Botanic Garden de Kew, em Londres, ilustrações da flora e de pássaros e alguns répteis brasileiros encantam olhares do mundo todo e ajudam-nos a compreender a exuberante natureza que provocou maravilhamento entre os viajantes estrangeiros que estiveram no Brasil durante o século XIX. Foi a estranheza à paisagem tropical, em grande medida pouco ordenada, distinta dos jardins da realeza, nobreza e burguesia europeia com jardins de sebes de buxo bem talhadas em topiaria e os magníficos parterre de broderie, que os impulsionaram a realizar descrições e desenhos dos quintais e jardins aqui encontrados. A galeria de Miss North, no Kew Garden, é dedicada às mais de mil ilustrações feitas pela naturalista e desenhista botânica inglesa Marianne North (1830-1890) em vários continentes, tendo estado no Brasil entre 1872 e 1873. Além das ilustrações, Marianne North escreveu um diário onde relatou suas impressões do país.

Seus relatos e pinturas relativos à segunda metade do século XIX são tão interessantes quanto os de sua conterrânea, Maria Graham (1785-1842), inglesa que esteve no Brasil entre 1821 e 1823 e deixou interessantes registros dos pomares, quintais e jardins brasileiros da época. Além delas, dezenas de viajantes deixaram registradas suas observações sobre os jardins brasileiros do século XIX. Um dos jardins que mais encantou os viajantes foi a Vila Ferreira Lage ou Quinta do Comendador Mariano Procópio, do comerciante mineiro Mariano Procópio Ferreira Lage (1821-1872), localizada na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Sobre o jardim de Mariano Procópio, Marianne North anotou:
Seu jardim estava cheio de tesouros, não só de plantas, mas também de aves e animais. Havia nela uma cerca de pelo menos cinquenta jardas, totalmente decorada com orquídeas raras amarradas juntas, e cada galho de árvore disponível era também enfeitado da mesma forma, com muitos deles cobertos quando estávamos lá com encantadoras flores brancas, lilases e amarelas, na sua maioria de um perfume muito doce. Havia também uma grande variedade de palmeiras. Vi um enorme cacto-candelabro de vinte pés de altura e o ar estava perfumado com flores de laranjeiras e limoeiros (BANDEIRA, 2012, p. 164).
Bananeiras, laranjeiras, palmeira e touceira de bico-de-papagaio num jardim em Morro Velho. Marianne North. Fonte: BANDEIRA, 2012, p. 98

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