"O Jardim Botânico de Ouro Preto que foi efetivado teve sua inauguração promovida em 2 de setembro de 1825. Escreveu José Pedro Xavier da Veiga, em suas Ephemerides mineiras, que “para sua fundação cooperou muito, dando os planos e dirigindo a respectiva execução, o distinto naturalista mineiro padre Dr. Joaquim Veloso de Miranda.” [Veiga, 1897, v. 3, p. 319].*
"Foi o Capitão-general Bernardo José de Lorena (1756-1818), quinto Conde de Sarzedas, governador da Província de Minas Gerais, quem recebeu o Aviso Régio de 19 de novembro de 1798 [Veiga, 1897, v. 4, p. 244]. Sabe-se que, em fevereiro de 1800, Lorena dava encaminhamento administrativo para as despesas relativas ao estabelecimento do jardim, que já “havia posto em prática” [Termo, 1913]. Não se sabe se o projeto de um Orto Botanico datado de 1799, com a assinatura de Manuel Ribeiro Guimarães (arquivado atualmente no Museu da Inconfidência de Ouro Preto) está relacionado com a iniciativa do capitão-general, posto que não há notícias da execução desse jardim ao tempo de Lorena, que governou a Capitania até 1804. Nessa passagem do século, o naturalista envolvido em expedições botânicas na região mineira era o padre nativo Joaquim Veloso de Miranda (1750-1817), doutor em filosofia pela Universidade de Coimbra em 1778. Veloso de Miranda chegou a reger algumas cadeiras em Coimbra; era sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa e foi encarregado, depois de 1785, de coletar objetos naturais para o Real Museu. Do Brasil, manteve contatos com seu mestre, o botânico Domingos Vandelli". Fonte: Hugo Segawa em: Ao amor do público, 1996: p. 129.
Na década de 1840 há registros de que ainda estava em funcionamento, com plantações de chá. "Esse jardim botânico ficava no “Passa-Dez de Cima”, zona por “onde sai a estrada que se dirige a Cachoeira do Campo”, segundo Henrique Barbosa da Silva Cabral (1875-1946). Contava com “grande casa assobradada, toda construída de pedras, com ampla varanda na frente, salas enormes, quartos espaçosos e outras dependências”; “houve governadores da Capitania e presidentes da Província que passavam ali dias de repouso ou que para ali iam, a fim de trabalharem mais tranqüilamente”, no registro de Cabral [1969] (que aparentemente se equivoca quanto ao retiro dos governadores coloniais)". Fonte: Hugo Segawa em: Ao amor do público, 1996: p. 130.
"No último quartel do século 19, o jardim botânico estava em franca decadência. Em três ocasiões a sua sede serviu como lazareto em razão de fortes epidemias, tendo sido também transformado em paiol, por estar “situado bem distante da cidade” [Cabral, 1969]. Em 1897, Xavier da Veiga anotou que “desde muitos anos acha-se em lamentável abandono o estabelecimento.” [1897, v.3, p. 320]". Fonte: Hugo Segawa em: Ao amor do público, 1996: p. 131.
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