Vrijburg ou FRIBVRGVM foi o nome dado pelo Conde Maurício de Nassau (1604-1679) ao Palácio e jardins que construiu em Recife, no século XVII, durante a ocupação holandesa. O terreno para construção do seu Palácio foi adquirido em 1639 e, durante três anos, esteve em construção. Este é considerado um dos primeiros jardins planejados do Brasil, ainda no século XVII, conforme os preceitos dos congêneres flamengos, do período. Dele, infelizmente, nada restou.
Um dos fatos interessantíssimos foi a transplantação de cerca de mil coqueiros adultos para o parque do palácio. Gaspar Barléu (1584-1648) assim descreveu o transplante destes coqueiros septuagenários e octogenários:
"De fato, observou-se tal ordem no distribuir as árvores que, de todos os lados ficavam os vergéis protegidos pelos fortes e por treze baterias. Surgiam, em lindos renques, 700 coqueiros, estes mais altos aqueles mais baixos, elevando uns o caule a 50 pés, outros a 40, outros a 30, antes de atingirem a separação das palmas. Sendo opinião geral que não se poderiam eles transplantar, mandou o Conde buscá-los a distância de três ou quatro milhas, em carros de quatro rodas, desarraigando-os com jeito e transportando-os para a ilha, em pontões lançados através dos rios. Acolheu a terra amiga as mudas, transplantadas não só com trabalho, mas também com engenho, e tal fecundidade comunicou àquelas árvores anosas, que, contra a expectativa de todos, logo no primeiro ano do transplante, elas, em maravilhosa avidez de produzir, deram frutos copiosíssimos. Já eram septuagenárias e octogenárias e por isso diminuíram a fé do antigo provérbio: "árvores velhas não são de mudar." Foi cousa extraordinária ter cada uma delas dado frutos que valiam oito rixdales".
Sobre o jardim e o parque do Palácio, Barleu ainda descreveu: "Depois do coqueiral, havia um lugar destinado a 252 laranjeiras, além de 600 que, reunidas graciosamente umas às outras, serviam de cêrca e deliciavam os sentidos com a cor, o sabor e o perfume dos frutos. Havia 58 pés de limões grandes, 80 de limões doces, 80 romanzeiras e 66 figueiras. Além destas, viam-se árvores desconhecidas em nossa terra: mamoeiros, jenipapeiros, mangabeiras, cabaceiras, cajueiros, uvalheiras, palmeiras, pitangueiras, romeiras, araticuns, jamacarús, pacobeiras ou bananeiras. Viam-se ainda tamarindeiros, castanheiros, tamareiros ou cariotas, vinhas carregadas de três em três meses, ervas, arbustos, legumes, e plantas rasteiras, ornamentais e medicinais. É tal a natureza das ditas árvores que, durante o ano inteiro, ostentam flores, frutos maduros junto com os verdes. Como se uma só e mesma árvore estivesse vivendo, em várias de suas partes, a puerícia, a adolescência e a virilidade, ao mesmo tempo herbescente, adolescente e adulta” (BARLEU, 1974: p. 160-161).
Era um jardim científico e de vistas. A planta abaixo, publicada no livro do prof. Nestor Goulart Reis Filho, mostra em detalhes os jardins do Palácio. Para o prof., o Palácio de Friburgo, residência de Maurício de Nassau depois de 1642, obedeceu a um plano detalhado, conforme observamos na planta publicada originalmente no livro de Barleu, em 1647.
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